Simpósios temáticos

1. Dinâmicas identitárias e étnicas

Coordenação: Franck Pierre Gilbert Ribard/UFC e Cristina Donza Cancela/UFPA

Este simpósio pretende receber propostas de trabalhos voltados para a análise de manifestações individuais ou coletivas relativas a dinâmicas de afirmação identitária ou de expressão cultural, em particular, negras, indígenas e de imigrantes, que rementem à problemática geral da etnicidade. De forma abrangente, no Brasil, em diferentes momentos históricos e em diferentes situações geográficas e sociológicas, surgiram configurações de grupos étnicos com distintos ou similares modos de afirmação identitária, pautados em instrumentalização política, simbólica ou mesmo essencialista da etnicidade. O aparecimento de contextos multiétnicos suscitou intercâmbios, discriminações, veladas ou mesmo declaradas, e, num extremo, agudos conflitos e mecanismos de exploração.


Do ponto de vista da apreensão de tais processos, o contexto interacional, os termos definindo a natureza das relações interétnicas, a nível individual e coletivo, constituem elementos fundamentais de análise, na medida em que alimentam a dinâmica constitutiva das estratégias identitárias envolvidas em áreas de fronteira étnica. Situações de contato envolvendo populações nativas, afrodescendentes, imigrantes e descendentes, entre outros grupos, podem levar à expressão de identidades étnicas, sempre alicerçadas em memórias que buscam congregar os indivíduos e afirmar diferenças. Considerando o papel das lembranças, das narrativas, das tradições orais e dos mitos na fixação de símbolos identitários e de uma origem comum, a história oral tem mostrado, nesse sentido, ricas possibilidades para o estudo de contextos em que há produção e reprodução de identidades e fronteiras étnicas. O simpósio aqui proposto supõe que o diálogo entre aqueles que estudam estas diferentes manifestações contribui para aprimorar os instrumentos de análise e permite ampliar a reflexão teórica sobre as dinâmicas identitárias e étnicas apreendidas numa perspectiva histórica.


2. História e literatura

Coordenação: Irenísia Oliveira e Ivone Cordeiro Barbosa/UFC 

As relações entre a História e a Literatura têm se mostrado bastante profícuas nas últimas décadas e vêm sendo cada vez mais consideradas por historiadores contemporâneos, principalmente aqueles ligados ao estudo da história social e cultural. Não se trata nessa relação, evidentemente, de buscar verdades ou documentos fiéis de uma época nas obras literárias, mas de entendê-las como constituintes/constituidoras de um complexo ideológico e cultural, que elas representam e problematizam. Dessa forma, por exemplo, é possível tomar contato com esperanças e lutas que foram vencidas ou sufocadas por tendências dominantes, mas sem as quais não se pode entender o processo histórico em sua complexidade. Também por essa via, compreende-se a literatura como produção social, histórica, que, por sua dimensão estética mesma, é capaz de abrir-se para recepções igualmente históricas, que a projetam no tempo. Este simpósio temático propõe a apresentação e discussão de pesquisas que relacionem História e Literatura, objetivando uma visão crítica dos processos históricos enfocados, seja pela abordagem de obras literárias como fontes de representações culturais e de memória, seja pela consideração da historicidade constitutiva das próprias formas literárias. São esperados trabalhos que contemplem os seguintes campos temáticos: 1) Representações da História na Literatura; 2) Memória e narrativa: intersecções; 3) Historicidade das categorias estéticas (gêneros, elementos narrativos e poéticos etc.; 4) Relações entre a forma literária e os processos histórico-sociais em obras da literatura; 5) Formação e aspectos do sistema literário (autor, obra, público); 6) Relação de obras literárias com seu contexto de produção; 7) Relações entre literatura e cultura de massa em contextos específicos; 8) Reflexões sobre História, Literatura e conhecimento; 9) História e realismo literário; 10) Estudos teóricos sobre a relação entre História e Literatura.


3. História e leitura

Coordenação: Ana Amélia de Moura Cavalcanti e Adelaide Gonçalves/UFC 

O estudo da palavra impressa, e dos distintos modos de sua apropriação, tem se mostrado, nos últimos anos, profícuo não apenas como registro do que aconteceu, como nos fala Darnton. Sua relevância se evidencia ao demonstrar as imbricações existentes entre o impresso e o complexo social de um período determinado, sua centralidade como agentes que desenvolvem um papel nos processos sociais. As pesquisas destacam hoje qual o lugar que o impresso ocupou na difusão de ideias, seja entre grupos letrados e intelectuais, seja no debate político entre os movimentos sociais. Quem lia os impressos, onde estes eram lidos e como eram lidos são questões primordiais para a compreensão dessas experiências entre homens e mulheres nem sempre letrados. A história social da leitura vem, nesse sentido, investigar a dimensão social e política dessa experiência. Qual a importância do impresso na formação de práticas políticas? De igual maneira a história da leitura não pode ser pensada sem que tomemos em conta o espaço editorial, com os agentes e relações próprios desse campo particular, aproximando-nos de uma história editorial e literária capaz de trazer à luz um sistema estruturado de interesses que torna possível a edição e difusão de determinadas obras e escritos. Este Simpósio Temático procura refletir no campo da História Social sobre pesquisas em torno da Imprensa, do Livro e da Leitura. Os estudos abordam desde os projetos editoriais realizados no âmbito da imprensa dos trabalhadores, em variados registros; a imprensa dos movimentos sociais; a escrita militante de homens e mulheres; os experimentos editoriais de intelectuais radicais; a caricatura e a sátira; os almanaques; a escrita epistolar; o autodidatismo, o “leitor” e as distintas práticas de leitura; entre outras iniciativas de difusão da palavra impressa. Os estudos percorrem os diferentes caminhos de circulação do impresso, os modos e ambientes da leitura, bem como a criação de novos públicos leitores. O Simpósio propõe também o debate de questões historiográficas em torno da História Social, Impresso e Cultura Política.

 

4. História visual

Coordenação: Meize Regina de Lucena Lucas/UFC e Aldrin Moura de Figueiredo/UFPA

O simpósio temático de História Visual recepciona estudos no campo da visualidade como dimensão da vida social e dos processos sociais. Trata-se do princípio metodológico de deslocar a ênfase das fontes visuais para analisar os regimes de visualidade e as formas pelas quais as formas de visualidade são vivenciadas pelos diferentes grupos sociais na história. Do mesmo modo, buscamos incorporar os trabalhos acadêmicos e os debates historiográficos na convergência da história, da arte e das representações da imagem, focalizando um amplo quadro da produção, circulação, recepção e memória iconográfica e iconológica no Brasil. O tema comporta ainda as relações entre o texto e a imagem, pois se compreende que a noção de leitura só pode ser discutida no cruzamento entre esses dois campos.

 

5. Gênero, ensino e escrita da história

Coordenação: Ana Rita Fonteles/UFC e Ana Maria Marques/UFMT

Este simpósio objetiva apresentar e pôr em diálogo trabalhos e pesquisas que entram ou cruzam a trajetória da formação do campo historiográfico dos Estudos de Gênero, passando pela “História das Mulheres” e pelas Teorias Feministas. Este campo – tratado tanto academicamente, por pesquisadoras/es engajadas/os, como por ação dos movimentos sociais como “alternativo” ou ainda como focado no interesse de “minorias” – desenvolveu-se no Brasil especialmente a partir dos anos 1990 e consolida-se atualmente como área de produção profícua e relevante para as ciências humanas. Na escrita da História, os Estudos de Gênero têm promovido o alargamento das possibilidades de construção de objetos de estudo e a renovação de teorias e temáticas rumo a uma perspectiva crítica e inovadora.

O número de Grupos de Trabalho e de Pesquisa, de Núcleos Interdisciplinares em nossas universidades, de associações e de congressos tem resultado em publicações específicas sobre o tema. A qualidade crescente das produções acadêmicas demonstra essa consolidação. Interessa para o simpósio temático Gênero, ensino e escrita da história focalizar obras publicadas a partir da década de 1980, tanto referências da historiografia, quanto textos relativos ao ensino de história, analisando como os Estudos de Gênero foram se constituindo como um campo de pesquisa, com proposições didáticas específicas que oferecem ferramentas metodológicas para o ensino em história e abrem um debate multidisciplinar para além da abordagem dos temas transversais ainda pouco compreendidos e desenvolvidos dentro e fora das salas de aula. A produção historiográfica na perspectiva dos Estudos de Gênero, que se inicia no Brasil na década de 1980, abordando marcadamente um cotidiano paulista dos finais do século XIX e inícios do XX, expande-se de tal maneira que, atualmente, as pesquisas espalham-se por todo o país e avançam em diferentes temporalidades: antiguidade, medievo, modernidade e contemporaneidade, permitindo pensarmos a utilização de diferentes fontes para o trabalho investigativo do historiador/a.

 

6. Ensino de História: Fontes, problemas e temáticas

Coordenação: Prof. Dr. Renilson Rosa Ribeiro (UFMT)/Profa. Dr. Wilma de Nazaré Baía Coelho (UFPA) 

Nas últimas décadas, a História e o seu ensino têm passado por um processo crescente de revisão dos esquemas globalizantes e homogeneizadores, os quais, por muito tempo, nortearam as teorias e as práticas historiográficas. Nesta direção, percebe-se que houve uma ampliação do campo da História, marcada pela busca de novos problemas, novas abordagens e novos objetos.

A natureza dessas discussões e lutas profissionais, expressas em diferentes trabalhos divulgados em encontros, livros e periódicos, tem possibilitado a apresentação de várias perspectivas que vêm constituindo as dimensões do ensino da História dentro da realidade educacional brasileira.

A literatura referente ao tema produzida no país ganhou impulso a partir da década de oitenta do século passado. As novas propostas curriculares que proliferaram nos âmbitos estadual e municipal traduziram e, ao mesmo tempo, incentivaram a crítica ao modelo positivista e a construção de modelos alternativos. Diversos aspectos do processo de ensino-aprendizagem passaram a ser temas de estudo e publicação sobre o ensino de História: história do ensino de História, livros didáticos e paradidáticos, produção do conhecimento, construção de currículos, ensino temático, diferentes linguagens (artes, música, literatura etc.), novas tecnologias, propostas alternativas, entre outros.

Com base nestes fios condutores, a presente proposta de simpósio temático tem como objetivo debater as pesquisas desenvolvidas no âmbito da historiografia do ensino de História e no ensino de História propriamente dito, considerando práticas e procedimentos didáticos desenvolvidos em programas de pós-graduação em História, como também nos de áreas afins, procurando perceber as suas múltiplas fontes, problemas, temáticas e linguagens.

 

7. História, Patrimônio e Memória

Coordenação: Antonio Gilberto Ramos Nogueira e Ana Carla Sabino Fernandes/UFC e Isabel Guillen/UFPE

Patrimônio e memória têm se constituído em palavras-chave da sociedade contemporânea. Na era da fugacidade,é sintomático o universal interesse pelo passado transformar-se em desejo e necessidade em tudo preservar. Se o sentido do patrimônio e a lógica da preservação trazem, em bojo, um regime de historicidade postulado pelos valores que lhes são atribuídos em diferentes momentos e espaços, é preciso que os historiadores e demais pesquisadores do campo estejam atentos às múltiplas “formas da experiência do tempo” que se articulam aos trabalhos de construção da memória. O processo de patrimonialização opera com os deslocamentos dos conceitos de memória e patrimônio,conferindo uma nova configuração ao campo.A ideia de uma singularidade nacional desdobrou-se em uma pluralidade de singularidades locais, tangíveis e intangíveis. Nessa trajetória, a sacralização de uma “memória em pedra e cal” consolidada em monumentos e objetos de valores históricos, arqueológicos e artísticos deu lugar a processos de patrimonialização da cultura, abarcando assim a dimensão do intangível em seus aspectos imateriais e processuais. Considerando-se a ampliação da noção de patrimônio e de memória e as novas diretrizes e atribuições que orientam as práticas preservacionistas, o debate sobre uma abordagem integrada da preservação tanto no que concerne ao tombamento do patrimônio de cultura material quanto ao registro de cultura imaterial se impõe como necessário. Refletir sobre instrumentos, conceitos e práticas preservacionistas é o objetivo deste simpósio.

 

8. Natureza, memória e trabalho

Coordenação: Kênia de Souza Rios (UFC), Eurípedes Antonio Funes (UFC) e Leila Mourão (UFPA)

Este Simpósio tem a intenção de por em discussão as possíveis articulações entre Natureza, Memória e Trabalho. Interessa- nos, portanto, propor a construção de uma reflexão que leve em conta as várias transformações da paisagem, bem como as diferentes apropriações de uma ideia de natureza que não se limita a um território esvaziado, ou para usar a expressão de Alain Corbin, ao “Território do Vazio”. Ou melhor, nosso entendimento parte do pressuposto de que a natureza é uma necessária relação com a cultura, de modo que o nosso estudo deve dar conta de uma certa composição cultural em face da conexão com aquilo a que chamamos natureza. Vale, portanto, alimentar o debate sobre a natureza/cultura não como uma polaridade mas como uma condição histórica intrínseca com infinitas possibilidades de combinações. O que abre o leque de estudos adequados a esta ementa, uma vez que pesquisas que articulem a ideia de natureza em diferentes grupos e tempos históricos, sejam a partir dos trabalhos da memória oral ou mesmo registros escritos ou próprios da cultura material, estudos sobre o confronto/acordo entre ciência, técnica e natureza, relações entre natureza e trabalho ou outros temas que envolvam essas combinações fazem parte dessa reflexão nem sempre fácil entre Natureza, Memória e Trabalho.

 

9. História e colonização das capitanias do norte da América Portuguesa (séc XVI e XVIII)

Coordenação: Marilda Santana/UFC e George Cabral/UFPE, Rafael Chambouleyron (UFPA) 

Este simpósio temático busca reunir as contribuições dos novos estudos monográficos sobre a colonização das capitanias do Norte da América portuguesa, especialmente as relações estabelecidas no interior das capitanias, intercapitanias e com a Coroa portuguesa. Ao longo dos últimos anos deste século, as investigações acerca da colonização da América portuguesa, cujas temáticas versavam sobre as redes de poder, “poderes”, administração, elites coloniais e “hierarquias no ultramar”, tiveram grande repercussão no meio acadêmico, abrindo novos caminhos teóricos e metodológicos para estudar as dinâmicas coloniais no contexto do Império colonial português.

Vários trabalhos monográficos tiveram como objeto de investigação os grupos sociais mais excluídos e discriminados na dinâmica da sociedade colonial. Foram abordadas diversas formas de sociabilidade e resistência às ordens emanadas da Coroa portuguesa, da atuação das ordens religiosas, dos missionários e dos colonos, “régulos do sertão”, em capitanias distintas, salientando a resistência das inúmeras etnias indígenas que habitavam as capitanias do Norte frente ao avanço dos colonos.

As formas de convivência social, política e administrativa estabelecidas entre elites coloniais e os agentes administrativos nomeados pela Coroa portuguesa também passaram a ser investigadas em várias vertentes. As trajetórias individuais, a natureza e formação de fortunas, os laços familiares e clientelares, as biografias individuais e/ou coletivas (prosopografia) passaram a ser analisados de forma mais localizada e circunscrita.
A intersecção entre os interesses do governo da metrópole e aqueles das elites locais na colônia americana – isto é, entre os colonizadores (leigos e eclesiásticos) e os colonos, proprietários de terras, das “drogas do sertão”, do açúcar, de gados, de algodão, das salinas, da mão de obra – e também as relações entre os homens de negócio e a elite letrada (secular e eclesiástica) passaram a ser objeto de estudos mais verticalizados e monográficos. Alguns estudos ressaltaram relações conflituosas entre administradores nomeados pela Coroa lusitana e as elites políticas, administrativas e econômicas locais, adotando os antagonismos como hipóteses explicativas. Outros acentuaram a acomodação e a negociação como tônica das relações estabelecidas entre os agentes da coroa (os reinóis) e as elites locais (os colonos, “filhos da terra” e “vassalos” do rei).

Assim, as pesquisas sobre diversos agentes coloniais de distintos níveis hierárquicos e sociais, isto é, as autoridades civis, militares e eclesiásticas, os letrados, os poderes intermediários e os servidores inferiores, como por exemplo, aqueles ocupantes de cargos camarários, possibilitaram construir uma visão menos monolítica e dicotômica da administração colonial e das relações estabelecidas entre os colonizadores e colonizados nas capitanias do Norte da América portuguesa.

 

10. Cinema e História

Coordenação: Ana Maria Barros/UFPE

O simpósio pretende ampliar a discussão em torno da importância de serem trabalhados filmes e documentários em sala de aula. É grande a gama de filmes e documentos audiovisuais que o professor pode utilizar a fim de enriquecer as suas aulas, aproveitando e valorizando o esforço de cineastas/diretores de obras cinematográficas que tiveram a preocupação e o esforço da pesquisa na elaboração de importantes documentos visuais que permitem mostrar aos alunos os fatos históricos no calor da hora. O assunto permite uma ampla discussão uma vez que, cada vez mais, filmes e documentos audiovisuais se fazem presentes tanto em sala de aula, como também em dissertações e teses nos nossos programas de pós-graduação. Acrescentamos que a ocasião será uma oportunidade de trocarmos a filmografia existente a respeito de vários temas.


11. História, Política e Memória

Coordenação: Antonio Montenegro e Flávio Teixeira/UFPE

As disputas políticas ainda têm sido consideradas preferencialmente apenas por seu viés “institucional”— seja pela ênfase nos partidos, nos grupos políticos, ou nas lideranças, seja pelo privilegiamento de algumas temporalidades específicas: governos, administrações etc. Sem perder de vista essas abordagens que, a despeito de serem mais tradicionais, continuam a contribuir para o aprimoramento desse campo de pesquisas, a proposta deste Simpósio Temático é de se abrir para discutir igualmente como podemos alargar nossa compreensão acerca do político na medida em que, a partir do campo da memória e da cultura, temos acesso a toda uma gama de experiências que nos diz das formas de vivenciar, de conceber, de valorar, de assimilar, de conferir ou não legitimidade às práticas, estratégias de lutas, resistências e atualizações.


12. Concepções, Imagens e Representações: entre a saúde e a doença

Coordenação: Carlos Alberto da Cunha Miranda/UFPE

O simpósio temático tem como objetivo tornar conhecidas as diversas pesquisas que instigam a refletir sobre as relações entre saúde, doença e sociedade no Brasil, em perspectiva histórica. As patologias são acontecimentos que alteram o curso de uma existência e que, muitas vezes, ceifam um grande número de vidas em um curto espaço de tempo. Este fato se torna ainda mais relevante quando, além das alterações biológicas, as doenças provocam outros males atrelados ao preconceito, ao medo e à exclusão social. Dessa forma, o simpósio se propõe a divulgar e discutir essa área de pesquisa em contínuo crescimento.

 

13. História: tempo e documento ou as incontornáveis encruzilhadas nos caminhos do historiador

Coordenação: Jailson Pereira da Silva (UFC)

A História é uma linguagem construtora de significados para a ação humana. Perseguidor e construtor de sentidos para nossa existência, o historiador, constantemente, encontra-se com duas incontornáveis encruzilhadas nos seus caminhos: o “tempo” e o “documento”. Para atravessar esses desafios, o historiador vê-se obrigado a radicalizar a própria noção de historicidade e, assim, desnaturaliza os conceitos e as suas significações, problematiza os usos e as apropriações que deles se fazem. É nesse movimento que aquilo que consideramos “tempo” e “documento” estão sendo discutidos por historiadores das mais diversas linhas teórico-metodológicas. A noção de tempo linear, que colocava o passado como o inconteste produtor do presente já não parece satisfazer as nossas inquietações. Do mesmo modo, a percepção do “documento” como o receptáculo do passado também não nos contenta mais. Este Simpósio pretende agrupar trabalhos que dialoguem com essas concepções e que, ao problematizar as nossas percepções de “tempo” e “documento”, acabam por problematizar a própria visão da História, exibindo o nosso infinito desejo de saber um pouco mais sobre como nos tornamos o que somos. De fato, percebe-se que as inovadoras posturas teórico-metodológicas, tributárias das transformações que se deram no campo da historiografia ao longo do século XX, acabaram por ampliar infinitamente o rol de documentos com o qual o historiador dialoga na elaboração dos seus trabalhos. Mas, em grande medida, permanece uma visão simplificadora do documento que acaba, muitas vezes, por naturalizá-lo. Assim, o historiador questiona as verdades históricas, busca versões, coloca-as em disputa. Mas tem ainda dificuldade em questionar o documento. Quase sempre, quando se encontra um documento, o discurso historiográfico vibra como se tivesse encontrado uma porta mágica, uma janela inconteste, através da qual cintilam claros pedaços do passado. O historiador acaba por entender o documento como um eco do passado, “uma linguagem de uma voz agora reduzida ao silêncio: seu rastro frágil mas, por sorte, decifrável”, como nos alerta Michel Foucault. A crítica ao documento, obviamente, não deve ser confundida com o trabalho desenvolvido, no século XIX, pelos historiadores positivistas. Não se trata mais de inquirir o documento sobre suas verdades internas e externas. Trata-se, por outro lado, de perceber as relações de forças, as disputas, que do campo da História lutam para exibir, validar e fazer permanecer esses restolhos do tempo. Não nos satisfazem as concepções de documento que o interpreta como “receptáculo da História”, como queriam os positivistas; nem, apenas, “vestígio do tempo”, como propõe a Nova História. Nosso interesse, portanto, é encontrar colegas interessados em questionar o documento como uma incontornável encruzilhada nos labirínticos caminhos do historiador.


14. História, religiões, religiosidades: perspectivas teóricas e metodológicas

Coordenação: Sylvana Maria Brandão de Aguiar (UFPE)

Esta proposta de trabalho propõe discussões sobre como construir o saber histórico que tem como objeto central as religiões e religiosidades, levando em consideração as múltiplas abordagens da História e suas relações interdisciplinares com a Antropologia, Sociologia e Filosofia. Para tanto aborda as relações entre História e Religião do ponto de vista oficial de suas doutrinas, relações com poderes institucionais ou suas representações e práticas distintas de vínculos oficializados, considerando-se aqui as especificidades dos ritos, mitos e simbologias como estratégias inclusive de negação dos poderes oficiais, a exemplo das devoções que se espraiam nas mais variadas formas de manifestações religiosas. Destina-se a estudantes, professores e/ou pesquisadores não apenas da História, dado seu caráter interdisciplinar.

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